Hoje era dia de salão de beleza.
Nada como mudar a aparência o mínimo que seja... essencial para as mulheres, imperceptível para os homens.
Começa o "primeiro round": você chega à porta e é examinada pelas companheiras de batalha. Tudo está em questão: cor e estado dos cabelos, unhas, roupas... tudo em questão de segundos.
Sem pedir você ocupa uma posição no ranking!
Segue em direção ao primeiro assento vazio que vê, ainda meio tonta pela primeira avaliação. Os olhares predadores acompanham-te.
Chega a sua vez de ser atendida marcando o início do "segundo round". Lava cabelo, seca cabelo, corta cabelo, pinta cabelo, hidrata cabelo, corta unha, lixa unha, tira cutícula da unha, pinta unha, faz sobrancelha, depila pernas, coxa, axilas, um puxão aqui, um bife ali - "Por Deus, estará esta manicure com fome?"
Vem a fase das conversas paralelas que servem para deixar a sua pobre cabecinha confusa. Clientes caloteiras, moda da próxima estação, novela das oito, dietas novas, Dourado ter vencido o BBB - aberração! Tente falar que é contra as cirurgias plenamente estéticas e será tachada de esquisita... o "terceiro round" foi vencido.
O "quarto e último round" é anunciado quando seu tratamento está finalizado. Você se levanta, triunfal, balança o cabelo e se admira de zero à trezentos e sessenta graus e quantos outros ângulos forem possíveis.
Enquanto isso sorrisos exageradamente grandes e invejosos são lançados. Nada mais satisfatório para uma mulher, no salão de beleza, que o despeito da outra!
Segue à porta, singularíssimamente feliz! UFF... o ar respirado está mais leve! De repente ouve, assustadoramente, alguém gritar seu nome.
Esqueci o celular... MARTÍRIO!!
Alana Oliveira.
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso". Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande (...) Só quero torná-la de toda a humanidade (...) Cada vez mais assim penso (...) É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça. Fernando Pessoa
"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o."
Ricardo Reis, heterônimo de sopro clássico de Fernando Pessoa.
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2 comentários:
Aproveitando que comentei no Post de baixo pra comentar aqui também.
Muito boa crônica.
Escreva um livro!
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