"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o."
Ricardo Reis, heterônimo de sopro clássico de Fernando Pessoa.


quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Entre o Pré-sal e a Agroenergia.

Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.



Lembra em 2007, quando da visita do presidente estadunidense George W. Bush ao Brasil, havia uma euforia do nosso governo em torno da possibilidade de tornar o país a ponta de lança no processo de substituição da matriz energética, sendo o maior produtor de agrocombustíveis menos poluentes e com fontes renováveis?

Pois é, esclarecendo, estes tais agrocombustíveis são, simplesmente, combustíveis inflamáveis produzidos através do processamento de materiais orgânicos—vegetais ou derivados de produtos animais. Os mais comuns são os alcoóis, produzidos por um processo semelhante ao da destilação caseira, mas em grande escala. O etanol de cana-de-açúcar e o de milho são os que predominam.
Estes combustíveis são considerados renováveis, a partir do princípio que permitem a produção de safras ano após ano. Mas, em muitos casos, os recursos incluindo água não-poluída, solo fértil e fertilizantes, de acordo com a região podem ser finitos.

Nesse caso, seria mesmo a melhor saída a transformação do Brasil num "imenso canavial", levando em consideração que isso poderia piorar as condições de trabalho no campo e ainda acompanhar a elevação nos preços dos alimentos, já que a plantação de cana-de-açúcar teria prioridade em relação a plantação de feijão e arroz? (são ossos do ofício olhar o lado dos alimentos! rs)

Agora, com as recentes descobertas de imensos campos de pré-sal, a euforia tem outro foco: a possibilidade de o Brasil tornar-se um dos maiores produtores de petróleo, combustível poluente e não-renovável.

Conclusão - De uma forma ou outra nós ficamos na sinuca de bico: a expansão de agrocombustíveis poderá causar problemas sociais no campo, enquanto a queima do petróleo do pré-sal poderá agravar o efeito estufa.
Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.

Antes de finalizar, saliento ainda que considero a atitude da indústria automobilística "que o amanhã nunca virá", desde o século XIX - quando os carros foram primeiramente inventados e o baixo custo dos produtos derivados do petróleo relegou o etanol à escanteio - a maior responsável pelas mudanças climáticas que a cada dia nos atinge com mais veemência.

São nessas horas, e apenas nessas horas, que com tristeza entrego-me ao que disse Shakespeare:
"Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes."

Um beijo...
E, novamente, desejo à todos neste novo ano que chega, 365 dias de FELICIDADE!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Orgulho de ser Mineira! PASES II.



Oi para você,

dias 28 e 29 de Dezembro estive fazendo a segunda etapa do vestibular seriado de Viçosa, o PASES. Diferentemente do método usual adotado pela maioria destes Exames de Seleção, a proposta para a redação não foi uma dissertação, mas um e-mail:

"PRODUÇÃO TEXTUAL
Você pretende passar uma semana de férias viajando pelos caminhos da Estrada Real, mas não quer ir sozinho.
Escreva um e-mail a um amigo próximo, entre 20 e 25 linhas, para tentar convencê-lo a acompanhá-lo nessa viagem. Você deve:
1 - Apresentar uma proposta de viagem;
2 - Sugerir um roteiro."


Jubilosa pela sublime tarefa a que fui confiada, escrevi e compartilho abaixo meus rascunhos, anteriores aos ajustes finais (que foram feitos diretamente na passagem do lápis para a tinta) da Avaliação de Produção Textual, seguindo o modelo proposto.

"Prezado amigo Titi,

Que tens reservado para estas férias de Janeiro?
Pois contar-lhe-ei o que reservo para as minhas: após fazer breve visita à romântica, artística, literária e inspiradora Ouro Preto, percorrerei a Estrada Real; e, proponho que venha comigo!
Para convencê-lo a refazer, dispondo da minha companhia, os caminhos trilhados pelos colonizadores, desde a descoberta do ouro em Minas Gerais até o período de sua exaustão, preparei um roteiro que respira lazer e aventura: em uma semana conheceremos o chafariz centenário de Glaura; participaremos da festa religiosa do Serro e provaremos dos seus queijos artesanais; admiraremos a paisagem de Milho Verde e tomaremos banho de cachoeira em São Gonçalo do Rio das Pedras. Traga trajes adequados em sua compacta mala! Ouviremos uma seresta em Diamantina, e, à noite poderemos louvar a lua em Catas Altas. Na chegada do sétimo dia, finalizaremos a maratona em grande estilo, brindando com a pinga de Sabará o orgulho em sermos mineiros!
Com este roteiro finérrimo e com o pé quase na Estrada, aguardo, esperançosa, a sua resposta positiva ao convite.
Um beijo,
A.O.D."

Agora, diante da chegada do Reveillon e do fim dos Exames, sinto-me integralmente de férias. UFF!
Desde já desejo-vos um 2010 venturoso e feliz! Repleto de realizações...

Alana Oliveira.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Levanta-te e atua.



Estava só, sentada no banco da rodoviária de Ubá, esperando indiferente enquanto o meu ônibus atrasava, olhar hora vago, hora contemplativo.
Eis que surge, das cinzas como a fênix, um moço grande e maltrapilho, refletindo o rosto esquálido, pedindo-me uma ajuda de custo, para inteirar o valor da passagem do ônibus que tinha que pegar para ir ao hospital, onde fazia o tratamento da sua doença.
Convencida e coração partido, dei-lhe o dinheiro em suspiros: "- Ah, não sabe esse variante, aqui onde "vareia" e nada varia, que nada na vida cai do céu, sem esforço algum!"
"- O amor foi sucumbido pela discriminação..."


Passou mais umas três vezes por onde eu estava, entrou na primeira lanchonete, ao meu lado, de onde saiu, sem qualquer interesse em disfarçar, com um maço de cigarros na mão.
Perplexa, desiludida, atraiçoda pelo variante miserável de alma!
Me perdoei e perdoei-no como seres errantes. Aprendi!

Para brindar a orgia da qual fui vítima do vil dos cigarros, poema Devaneio Dionisíaco, cujo autor é desconhecido e o consagrado quadro de Salvador Dalí nomeado O grande masturbador.

DEVANEIO DIONISÍACO


Castro, casto, claustrofóbico
Coito, corpo, conto
Puta, peito, pinto, pinta
Suga, chupa, senta, soa
Cata, cospe, custa - costas
Farto, fado, fétido

Sento acento acend’o cigarro (ponto)





CLICK - o tempo parou!


24/12/2009 - Natal, Senador Firmino - Parte dos primos.

Estávamos lá...
os oito em cima da coitadinha da cama de casal...
Estávamos ociosos, gastando o tempo: jogando conversa fora, trocando experiências, matando um pouquinho das saudades que sempre são grandes, colocando o papo em dia, rindo. Fazíamos todas essas bobagens importantes que constroem a maior parte da vida! Era uma mescla de casos de Rio Pomba, Juiz de Fora, Vitória, Senador Firmino e São Lourenço.
E de repente, CLICK, o tempo parou!
Olho para a foto e revivo o tumulto! Revivo o movimento, as ações, as vozes simultâneas. Sinto tudo.
Acho que é isso que tanto me agrada nas fotografias: o funcionar como uma ponte com o passado, seja o mais recente ou o mais remoto.
Há quem considere um plágio do momento, quem prefira anexar na memória. Fico estupefata! Acho no mínimo bastante discutível esta teórica, afinal, que haveria de fazer alguém como eu, que goza vida longa (jogando baixo 120 anos!), para recordar bons momentos como o figurado, tendo em mente que até lá minha mémoria estará pouco menos astuta que hoje?
Por isso mantenho: permanecerei crendo nas impressões palpáveis! Porque ainda acredito que os sorrisos sejam, via de regra, sinceros! Que os gestos sejam naturais e não forçados, as posturas espontâneas e não coagidas! Que sejam a representação mais fiél da vida vivida!
Porque a minha esperança, de fato, será a ultima a morrer!

Nick Farewell
em seu bem-aventurado livro GO, filosofou um pouco sobre o assunto:

"Eu ligo a minha câmera imaginária. Registro todos os movimentos. Penso como vou me lembrar disso até o fim dos meus dias. Penso como a lembrança ainda é a melhor das máquinas fotográficas. Agora, cinematograficamente, eu gravo frame por frame na minha memória. Expondo a luz e meus sentimentos, projeto na minha retina as imagens que eu voltarei sempre a enxergar toda vez que sentir um dia nublado entre a ausência e o encontro da pessoa que, possivelmente, vai me causar mais falta e mais completude, ao mesmo tempo."

Resumo da ópera: o primordial é encontrar o seu modo particular de nostalgia. O primordial é encontrá-lo, repito, e jamais oprimí-lo. Oprimir momentos nostágicos me parece tornar-se intolerável a si mesmo, se perseguir por dentro! Nostagia não tem que ser um drama ou uma cruz a carregar para ninguém.

"Nostalgia é saudade do que vivi, melancolia é saudade do que não vivi."

Carlos Heitor Cony.

O sono chegou, e subordino-me a minha cama!

Alana Oliveira.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A.A's de Verão.



Desde que cheguei em Senador que não tenho sossego da doce vida boêmia!
Em cinco dias, quatro deles foram emoldurados por porres fenomenais, começando pelo Sábado que comemorei meu aniversário.
É de horrorizar o clima que a chegada das FÉRIAS incita nas gentes!
A impessoalidade caracterizada pela despreocupação com o dia seguinte é mesmo UM PERIGO! Varamos a madrugada, acordamos tarde, ficamos sem hora para as refeições e o sagrado sono vira apenas breve cochilo!
É a reviravolta na rotina!
Alienamo-nos em busca da auto-satisfação efêmera e transitória. Imergimo-nos em extravagâncias hiperbolescas!
É a vida a la Carnaval!
Ontem mesmo saímos de casa Claudinha, Isão e eu por volta de 15h e encontramos na praça com a Thaís, Mayve, Marcelo, Thiago, Maycon, Marina e Leonor e decidimo-nos ir beber na cachoeira.
Entre brindes aqui e ali, anunciei que iria fundar os ALCOÓLICOS ANÔNIMOS DE VERÃO pra cuidar da galera durante as férias! rs...
Chegamos em casa por volta de 20h só para tomar banho e rearrumar para sair à night!
Coisa horrorosa de boa! Que fanfarronas!

Concluo pois:
Um dia de férias desvirtua muita gente,
Dois dias de férias desvirtuam, desvirtuam muito mais (...)

Feliz Natal!

Alana Oliveira.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Peace, aimer, salud!



Amados,

acresci nesta sexta-feira dia 18, mais uma velinha ao meu bolo; completei mais um aninho de vida!
Em meio à tantos votos carinhosos de PEACE, AIMER, SALUD, resolvi fazer diferente este ano: compartilharei neste espaço os votos mais "autênticos" recebidos (considero mais elegante esse chamamento! rs).

Mensagem enviada por Dudu no celular:
"Hoje é um dia especial,
é o aniversário da Alana,
Vamos todos comemorar,
com Aguardente de cana!"
(essa minha paixão por poesia dando frutos!)

Scrap enviado por Igor no orkut:

Parabens pra vc, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida...hahahahahah!!!mais como eu sou original...
(acabou sendo Igor, porque foi o único que escreveu isso! hehe)

Scrap enviado por Sassá no orkut:

Parabáns Alana td de bom p vc.... afinal num é todo dia q se faz 15 ANOS....bjs
(sou fã da ironia concisa e hermética dele! hehe)

Scrap enviado por Matheus no orkut:

ALAAANINHAAAAAAA *---*
Hoje é dia de quem ficar mais velha hein ?
Ganhar rugas, ficar caquética e tal'z .. SHSAHUASHUSAHUSA '
PARABÉNS.
(é claro que eu respondi que as rugas nunca me pertencerão! rs)

Scrap enviado pelo Romeuzinho no orkut:

Feliz aniversário. De nada se precisar está as ordem.
é só ligar !!!!!!!!!!!!
(rsrs)

Mensagem enviada pela Livinha no orkut:

Parabéns amiigaa!!
que dia lindo hj não?! pq seráaa?! hahaha
(era aniversário dela também!)

Mensagem enviada pelo Guigui no orkut:

Opa loira linda d++
Parabens
muitas festas e brejas pra vc
bla bla bla
felicidades bjus!
(simplificou!)

Mensagem enviada pelo Haran no orkut:

Parabéns ae Alana !!!
Vo te dar 8 pilhas de presente !
(muito obrigada, mas eu tenho pilhas recarregáveis! kkk)

Ana Luíza, melhor amiga de São Paulo, me chamou ainda de velhota e a Andiara, figura já conhecida no blog, ainda me escreveu um "com quem será que a Alana vai casar"! rs...
Enfim, dedico este post aos sinceros agradecimentos que devo aos amigos e familiares que paralizaram minutinhos do seu tempo para ligar, mandar mensagens, scraps, depoimentos, ou qualquer outra forma de manifesto, deixando seus votos de tudo de melhor que eu podia querer!
"Só Eu conheço os planos que Tenho para vocês: prosperidade e não desgraça, e um futuro cheio de esperança." (Jr29.11)
Li e respondi à todos, e se não chorasse, não seria eu!
Desejo-os tudo multiplicado mil vezes!

E como pequena (embora não menos importante) nota de rodapé, gostaria de agradecer, em especial, ao amigo Múcio que sempre me surpreende com as sábias palavras, e que descobri ser leitor discreto dos meus humilíssimos rascunhos blogueiros; nem preciso dizer o quanto o admiro.

Adorei gente... obrigada!

Alana Oliveira.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Inclusão Social.

Uma homenagem ao I Fórum para Inclusão Social de Rio Pomba.



TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS


Eu não distinguo cores, adoro o arco-íris.
Não sei o que é o homem, nem mulher, nem qual o sexo fraco... só conheço o ser humano.
Nunca vi brancos, nem pretos, amarelos ou vermelhos... vejo outras culturas, outros povos.
Não acredito em heterossexualidade, bissexualidade e homossexualidade... acredito apenas na sexualidade.
Não sou budista, nem pagão, nem tenho Alá no coração... mas tenho FÉ.

"Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos.
Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança."
A. Einstein.

#PERPETUAÇÃO das DIFERENÇAS #FIM das DIFERENCIAÇÕES!!

Alana Oliveira.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Light e Diet! Je cherche en gémissant.



Body Jump - Exercício aeróbico de dança em cima de um mini-trampolim que alia drenagem linfática, gasto calórico e resistência sob movimentos que exigem alta concentração dos músculos inferiores.

É interessante o clima das academias, especialmente nos fins de ano - a reta final para aquele que ainda deseja eliminar alguma gordurinha localizada que, naturalmente, só existe pra si próprio!
Bem estilo JE CHERCHE EN GÉMISSANT!
Dia desses estava no EXITUS riopombense, onde faço BODY JUMP às Segundas, Quartas e Quintas-feiras sob orientação do Educador Físico Ronan.
Estávamos (eu e os resto da turma) justamente alongando para darmos início à aula, quando de repente chega uma colega atrasada, saboreando uns biscoitinhos apetitosos com ímpar cara de culpa!
Fitei a cara de algumas das meninas. Devia ter filmado!
Para algumas parecia ser inadimissível e torturante, ou no mínimo contraditório, ter que assistir àquilo na academia!
Discretamente eu ria por dentro!
Mais engraçado ainda ficou quando alguém desabafou, comentando: "Nossa, esse fim de semana eu comi tanto chocolate. Que raio esse tal do chocolate. São dois segundos na boca e uma eternidade na cabeça e na cintura."

Filtro Solar (Sunscreen), traduzido para o Português e interpretado por Pedro Bial:

"...Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude.
Ou, então, esquece… Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude
até que tenham se apagado.
Mas pode crer que daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos,
E perceber de um jeito que você nem desconfia hoje em dia,
Quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente.
E como você realmente estava com tudo em cima,
Você não está gordo ou gorda (...)

Desfrute de seu corpo.
Use-o de toda maneira que puder mesmo!
Não tenha medo de seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele.
É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir.

Dance.
Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto.
Leia as instruções mesmo que não vá segui-las depois.
Não leia revistas de beleza, elas só vão fazer você se achar feio..."

TAI CHI CHUAM - Supremo Energia Suavidade.
Alana Oliveira.

domingo, 15 de novembro de 2009

ABSTRAI! Caso Geyse Arruda.

Geyse Arruda, 20 anos e o vestido rosa-choque causador da confusão.

A Geyse é estudante de Turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo).  Foi hostilizada pelos colegas por causa de um vestido curto que usava. A universidade chegou a expulsá-la, mas, voltando atrás, acabou sendo readmitida.

Pessoalmente
acho que Geyse abusou da liberdade quando foi usando traje minimalista e ousado (e brega, fala sério?) a um local que não é devido. (Confundiu a Universidade com o píer de Santos ou Guarujá, será?).
Pendurasse uma melancia na cabeça demonstraria mais fineza!
Mas, apesar de tudo, ainda penso que os grandes errados da vez são os outros 700 descontrolados que partiram enfurecidos pra cima da moça.
Ora, quem é não aparece.
Deixassem-na passar ridículo sozinha seria mais elegante. Participar da ridicularização foi a causa da perda da razão.
Cadê os colegas da moça para sutilmente avisá-la? "- Olha, assim não tá bom, por quê você não experimenta outra coisa?". O caminho para o fim da violência não é a própria violência, mas a sensibilização.
Me assusta também a postura antiquada e excessivamente dura do excelentíssimo senhor reitor da universidade em concordar com a ordem de expulsão da menina.
Toda especulação que a mídia fez em cima do caso, obrigou-o a tomar uma postura de forma rápida, mas não impensada.

Passado o glamour e a novidade, Geyse foi convidada pra pousar na REVISTA PLAYBOY!
Os bobos dos 700 ficaram na mesma, o reitor ficou queimado, e a Universidade mal-vista!

kkkkkkkkkkkk...
ABSTRAI!

Alana Oliveira.

Ad maiorem Dei gloriam.

Para maior glória de Deus.

Na imagem, Santo Agostinho.


Intimior intimius meus (No mais íntimo de minha intimidade).

Queridas pessoas,
estava hoje na Missa e ao finalzinho, antes da benção, ouvi palavras de um Diácono. Era um trecho de Santo Agostinho, capítulo obrigatório no estudo da história da filosofia antiga.
Santo Agostinho viveu no séc. IV onde é hoje a Tunísia. Viveu 76 anos, dos quais quase 40 foram dedicados à cristandade fervorosa.
No trecho que ouvi atenciosamente, Santo Agostinho faz referência à sua conversão tardia.
Ei-lo:

"Tarde te conheci. Tarde te amei,
ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei!
Eis que estavas dentro e eu fora.
Estavas comigo e não eu contigo.
Exalaste perfume e respirei.
Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede.
Tocaste-me e ardi por tua paz."

É como disse Shakespeare, sobre o tempo:

"O tempo é muito lento, para os que esperam;
Muito rápido para os que têm medo;
Muito longo para os que lamentam;
Muito curto para os que festejam.
Mas, para os que amam, o tempo é eternidade."


Ama et fac quod vis.
(Ama e faz o que quiseres)
Alana Oliveira.

sábado, 14 de novembro de 2009

Apagão Elétrico 2001, o retorno.

Fiquei no escuro!
O ocorrido me inspirou a rascunhar, pela ótica de uma escotofóbica (eu mesma), sobre o APAGÃO ocorrido em 2001 e o APAGÃO ocorrido na terça-feira passada (10/11).

Fernando Henrique Cardoso e o Apagão Elétrico.
Eu apago
Tu PAGAS
Ele PAGA
Nós apagamos
Vós PAGAIS
Eles PAGAM

Lembra o apagão 2001 - FHC? Sabe o tamanho do prejuízo?

Além de pegar o maior empréstimo que o FMI (Fundo Monetário Internacional) concedeu sozinho, em toda a sua história; de privatizar mais da metade do patrimônio público nacional construído ao longo de décadas; de tentar ainda, felizmente sem sucesso, privatizar a Petrobrás (que em 2008 lucrou R$ 31 bilhões) e os Correios; os tucanos presentearam o Brasil com um apagão elétrico, fruto do baixo investimento mal-planejado e despreocupado com o setor de diversificação e ampliação das fontes alternativas de energia.
Ou seja: por incompetência administrativa o Brasil ficou no escuro.
O TCU (Tribunal de Contas da União) avaliou o prejuízo em 45,2 bilhões de reais.
Para se ter uma noção do prejuízo, "O tribunal verificou que os R$ 45,2 bilhões permitiriam a construção de seis usinas como a hidrelétrica de Jirau, erguida no rio Madeira."

(Pra quem não sabe, a Usina Jirau é uma IMENSA usina localizada em Rondônia, no Rio Madeira que contou com o MAIOR investimento na história do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, de R$ 7,2 Bi)

E é claro, O blecaute mãe, deu cria:
O novo blecaute de terça feira passada, segundo li no Jornal carioca EXTRA, está avaliado num prejuízo que pode chegar a 340 milhões, considerando que não foram gerados, em cerca de 4 horas sem luz em 18 estados, 28.8 mil MW de energia (nas contas 1 MW por hora perdido representa custo médio de R$ 2.900 reais) e os danos financeiros são irreparáveis.
O Ministério Público Federal já abriu o processo administrativo para apurar causas e responsáveis pelo blecaute que atingiu o país. A análise está prevista para 15 dias (contados à partir do dia 13/11).

Quem paga as contas como sempre é o CIDADÃO.


Para evitar o racionamento, devemos abusar de responsabilidade na hora de usar energia elétrica. E não isso não é "papinho".
Use only what you need, é o que prega a Campanha de Uso Racional de Água, em Denver capital do Colorado/EUA - cidade com clima semi-desértico - assim seremos também bons "Environment Friend".

#MENOSCAGADASNOGOVERNO

Alana Oliveira.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

RIMBAUD - THE ENFANT TERRIBLE!


Túmulo de Jean-Nicolas Arthur Rimbaud - Cemitério Charleville - França.
PRIEZ POUR LUI - Ore por ele.


The enfant terrible
se relaciona à pessoa de Arthur Rimbaud devido à sua precocidade em tudo, inclusive em poesia.
Aos 17 anos "o poetinha" já estava compondo o que são, hoje, suas obras-primas.
Influenciado por Victor Hugo, Charles Baudelaire, Paul Verlaine, entre outros, o Rimbaud que traficou armas no norte da África, foi o mesmo Rimbaud que se tornou referência poética-simbolista!
O mesmo que influenciou gerações - mestre e profeta de uma juventude febril, entusiasta e rebelde; o mesmo que deu cores às vogais.
O mesmo que fundou a tese de impossibilidade de dissociação do poeta de sua poesia.
Em Rimbaud tudo pulsa, tudo é fervor!
Paulo Leminski, em um de seus anseios críticos, escreveu sobre "o poetinha". Segue abaixo trechos do ensaio Poeta Roqueiro:

Aí vem o primeiro marginal. Vivesse hoje, Rimbaud seria músico de rock. Drogado como o guitarrista Jimi Hendrix, bissexual como Mike Jagger, dos Rolling Stones. "Na estrada", como toda uma geração de roqueiros. Nenhum poeta francês do século passado teve vida tão "contemporânea" quanto o gatão e "vidente" Arthur Rimbaud. Pasmou os contemporâneos com uma precocidade poética extraordinária. De repente, largou tudo, Europa, civilização ocidental-cristã, literatura e, cometa, se mandou para a Abissínia, na África. Lá, longe da Europa branca e burguesa que odiava, levou a vida de mercador árabe, traficando armas, varando desertos nunca antes pisados, vivendo a grande aventura infantil, pré-figurada em seu nome de rei lendário. Breve durou esse Camelot. Da África, o rei Arthur voltaria à França para amputar uma perna e morrer, de câncer, num hospital de Marselha, delirando poesia, cercado por padres e sua irmã, ávidos pela confissão desse blasfemo.
Claro que uma vida assim não caberia em versinhos. E uma ampla prosa, de sopro largo e rebelde a todas as medidas, que Rimbaud escreveu Uma Temporada no Inferno e Iluminações.
Enfim, como diz o próprio poeta: "Eu é um outro".
A melhor poesia de Rimbaud esteve, porém, em seu gesto final: a recusa do "sucesso", a escolha do "fracasso", a derrota da literatura, inimiga da poesia, para que esta triunfasse.

On n'est pas serieux on a dix-sept ans.


Alana Oliveira.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cada um sabe a dor a a alegria de ser o que é.

Hoje, ao contrário do que de costume, eu quero contar episódio horrendo que me deixou muito chateada com a vida.
Estava voltando da aula de carro, era mais ou menos 17h15min, quando, pelo caminho me deparei com uma negra e grisalha senhora, debaixo do sol de fim de tarde, já bem de idade e de aparência frágil, muito frágil mesmo, carregando 4 toras de madeira - que deviam ter mais ou menos 20 cm de diâmetro e alguns metros de comprimento - nos ombros recurvados. Ia só pela rodovia.
Fiquei pensando como eu achava que esta dura realidade estava tão longe de mim.
Olhei disfarçadamente ao meu redor. Eu estava num Honda do ano, emperequetado com todos os aparatos que este carro pode ter.
Senti nojo de tudo aquilo. Tive vontade de parar o carro, descer, e oferecer a ajuda dos meus braços jovens e fortes àquela senhora. Imaginei que depois de chegarmos ao destino das toras, sentaríamos, ela e eu.
E eu ficaria ali, ao lado dela, quietinha. Em meio a trocas de olhares, perguntaria uma coisa ou outra sobre a sua vida.
Uma mulher daquelas devia ter muitas histórias para contar. Muitas lições para ensinar. Uma sabedoria empírica invejável.
Ao contrário disso, apenas chamei a atenção das outras pessoas que estavam no carro e lamentamos juntos.
Mas eu bem que gostaria de ter sido guiada pelo instinto...

Amanhã cedo, Mariana - MG.

Alana Oliveira.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pérolas do ENEM...


Preciosidades do ENEM 2009! Tema da redação: AQUECIMENTO GLOBAL.

1) "o problema da amazônia tem uma percussão mundial. Várias Ongs já se estalaram na floresta." (percussão e estalos. Vai ficar animado o negócio)

2) "A amazônia é explorada de forma piedosa." (boa)

3) "Vamos nos unir juntos de mãos dadas para salvar o planeta." (tamo junto nessa, companheiro. Mais juntos, impossível)

4) "A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu." (vem o quê?)

5) "Tem que destruir os destruidores por que o destruimento salva a floresta." (pra deixar bem claro o tamanho da destruição)

6) "O grande excesso de desmatamento exagerado é a causa da devastação." (pleonasmemos pois o pleonasmo é a lei do mundo pleonasmático)

7) "Espero que o desmatamento seja instinto." (selvagem)

8) "A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo." (o verdadeiro milagre da vida)

9) "A emoção de poluentes atmosféricos aquece a floresta." (também fiquei emocionado com essa)

10) "Tem empresas que contribui para a realização de árvores renováveis." (todo mundo na vida tem que ter um filho, escrever um livro, e realizar uma árvore renovável)

11) "Animais ficam sem comida e sem dormida por causa das queimadas." (esqueceu que também ficam sem o home theater e os dvd´s da coleção do Chaves)

12) "Precisamos de oxigênio para nossa vida eterna." (amém)

13) "Os desmatadores cortam árvores naturais da natureza." (ainda bem que são da natureza!)

14) "A principal vítima do desmatamento é a vida ecológica." (deve ser culpa da morte ecológica)

15) "A amazônia tem valor ambiental ilastimável." (ignorem, por favor)

16) "Explorar sem atingir árvores sedentárias." (peguem só as que estiverem fazendo caminhadas e flexões)

17) "Os estrangeiros já demonstraram diversas fezes enteresse pela amazônia." (o quê?)

18) "Paremos e reflitemos." (beleza)

19) "A floresta amazônica não pode ser destruída por pessoas não autorizadas." (claro! Somente pessoas autorizadas)

20) "Retirada claudestina de árvores." (retiradas feita pela Claudete)

21) "Temos que criar leis legais contra isso." (legal!)

22) "A camada de ozonel." (Chris O´Zonnell?)

23) "a amazônia está sendo devastada por pessoas que não tem senso de humor." (a solução é colocar lá o pessoal da Zorra Total pra cortar árvores)

24) "A cada hora, muitas árvores são derrubadas por mãos poluídas, sem coração." (como é que é?)

25) "A amazônia está sofrendo um grande, enorme e profundíssimo desmatamento devastador, intenso e imperdoável." (campeão da categoria "maior enchedor de linguiça")

26) "Vamos gritar não à devastação e sim à reflorestação." (agora?)

27) "Uma vez que se paga uma punição xis, se ganha depois vários xises." (gênio da matemática)

28) "A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes." (red bull neles - dizem as árvores)

29) "O povo amazônico está sendo usado como bote expiatório." (ótima)

30) "O aumento da temperatura na terra está cada vez mais aumentando." (ahh! Agora entendi)

31) "Na floresta amazônica tem muitos animais: passarinhos, leões, ursos, etc." (deve ser a globalização)

32) "Convivemos com a merchendagem e a politicagem." (isso faz parte da revisão ortográfica?)

33) "Na cama dos deputados foram votadas muitas leis." (imaginem as que foram votadas no banheiro)

34) "Os dismatamentos é a fonte de inlegalidade e distruição da froresta amazonia." (ai!)

35) "O que vamos deixar para nossos antecedentes?" (hããn??)

Parece até piada, mas infelizmente não é... ou não era para ser...

Alana Oliveira.

Olimpíadas 2016 ou Olim-Piadas 2016???


"Este país não é meu, nem vosso ainda poetas. Mas ele será um dia o país de todo o homem."
Carlos Drummond de Andrade


Todo mundo feliz porque o Rio vai sediar as Olimpíadas de 2016.
E os governantes do Rio mais ainda. São eles que vão superfaturar as obras olímpicas. E o povo comemora!
Nos Jogos Pan-Americanos 2007 o Rio não cumpriu quase nenhuma das promessas/exigências. Mas vamos nos alegrar! É dada uma nova oportunidade para não cumpri-las de novo!
Eu já posso até dar meus palpites de quem leva o maior número de ouro pra casa: os trombadinhas. Além do governo e as empreeiteiras de seus compadres, claro.
Quando o presidente disse: "não é porque o Brasil tem problemas que não pode sediar uma Olimpiada" ele aumentou ainda mais o déficit.
O Brasil devia comer mais arroz e feijão antes de provar a sobremesa.
Não estou falando do Rio Zona Sul, cartão postal, lindo, onde todos vivem felizes e confortáveis. Eu falo dos outros 70% do Rio, esquecidos, só porque não são interessantes pra ser cenário de novela.
Olimpíadas no Brasil. Admito, é uma grande conquista.
Mas conquista precoce que põe de lado as verdadeiras prioridades do país no momento.


DESENREDO, de Adélia Prado:

(...)Saberemos viver uma vida melhor que esta,
quando mesmo chorando é tão bom estarmos juntos?
Sofrer não é em língua nenhuma.
Sofri e sofro em Minas Gerais e na beira do oceano.
Estarreço de estar viva. Ó luar do sertão,
ó matas que não preciso ver pra me perder,
ó cidades grandes, estados do Brasil que amo como se os tivesse inventado.
Ser brasileira me determina de modo emocionante
e isto, que posso chamar de destino, sem pecar,
descansa meu bem-querer.
Tudo junto é inteligível demais e eu não suporto.
Valha-me noite que me cobre de sono.
O pensamento da morte não se acostuma comigo.
Estremecerei de susto até dormir.
E no entanto é tudo tão pequeno.
Para o desejo do meu coração
o mar é uma gota.

Beijocas!
Alana Oliveira.

domingo, 1 de novembro de 2009

O inintendível universo masculino!



UM PROTESTO ENTRE MULHERES.

aaai! Como sofrem mulheres bonitas, inteligentes e interessantes no mundo de hoje!!
Querem ver só?
Ontem mesmo, recebi um e-mail triunfal de um digníssimo amigo meu, intitulado "A G O R A É A V E Z D A M U L H E R A D A!
O e-mail, que é de um finíssimo gosto (e é isso que me leva a crer que tenha sido feito por uma mulher) começa assim:
Como se chama um homem inteligente, sensível e bonito?
Resp: Boato

O HOMEM E A MULHER

O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono;
Para a mulher um altar.
O trono exalta; o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher o coração, o amor.
A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o gênio; a mulher o anjo.
O gênio é imensurável; o anjo indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória;
A aspiração da mulher, a virtude extrema.
A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher a preferência.
A supremacia representa força.
A preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher invencível pelas lágrimas.
A razão convence; a lágrima comove.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher de todos os martírios.
O heroísmo enobrece; os martírios sublimam.
O homem é o código; a mulher o evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é o templo; a mulher, um sacrário.
Ante o templo, nos descobrimos;
Ante o sacrário ajoelhamo-nos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter cérebro;
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher um lago.
O oceano tem a pérola que embeleza;
O lago tem a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa; a mulher o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço; cantar é conquistar a alma.
O homem tem um fanal; a consciência;
A mulher tem uma estrela: a esperança.
O fanal guia, a esperança salva.
Enfim...
O homem está colocado onde termina a terra;
A mulher onde começa o céu...

Victor Hugo

DEDUÇÃO
Não acabarão nunca com o amor,
nem as rugas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.
Vladimir Maiakóvski

sábado, 31 de outubro de 2009

À minha Gold (mãe)

Adriana, MEU TUDO.

FAMÍLIA

Três meninos e duas meninas,
sendo uma ainda de colo.
A cozinheira preta, a copeira mulata,
o papagaio, o gato, o cachorro,
as galinhas gordas no palmo de horta
e a mulher que trata de tudo.

A espreguiçadeira, a cama, a gangorra,
o cigarro, o trabalho, a reza,
a goibada na sobremesa de domingo,
o palito nos dentes contentes,
o gramofone rouco da noite
e a mulher que trata de tudo.

O agiota, o leiteiro, o turco,
o médico uma vez por mês,
o bilhete todas as semanas
branco! mas a esperança sempre verde.
A mulher que trata de tudo
e a felicidade.

Carlos Drummond de Andrade, itabirano mais que preferido.

Um exemplo de dedicação com o lar, com a carreira e com o afetivo.
Acho incrível como ela administra o rebolado e sempre dá conta de tudo.
Quando eu crescer, quero ser igual à você, mãe.
A melhor mãe do mundo é a minha!
Gold, TE AMO!

Alana Oliveira.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mundo moderno


"O progresso era maravilhoso antes de progredir tanto."
Millôr Fernandes

O LUGAR DA TRANSGRESSÃO
Encontrei um sapo cochilando dentro de
Minha botina. Nunca me meti em botina
De sapo. Que liberdades são essas?
Cacaso - filósofo, poeta e letrista da MPB mineira.

NADA SERÁ COMO ANTES
Nosso amor puro
pulou o muro
caiu na vida.
Jamais seremos o par
romântico
que outrora fomos.
Chacal - poeta, contista, ensaísta e letrista da MPB carioca.

PRONTO PRA OUTRA

Gravei seu olhar seu andar
sua voz seu sorriso.
você foi embora
e eu vou na papelaria
comprar uma borracha.
Chacal.

Os muitos caminhos da poesia brasileira, rio profundo e caudaloso, deságuam nos versos de Cacaso e Chacal.
Seus apelidos curiosos, acabam por refletir também sua maneira de fazer poesia. São irreverentes, líricos, irônicos e engraçados, contam histórias do cotidiano urbano, com versos livres e expressões coloquiais, muitas vezes sem eco na poesia.
Viveram os momentos poéticos de opressão política. Sobreviveram. Pertencem à mesma geração, lutaram pelos mesmos ideais e mostram a cara mais recente da poesia no Brasil!

Esses poemas acima, que considero pequenas grandes denúncias contra elementos advindos com o modernismo, não são pregões à favor do atraso e do obsoleto, apenas das velhas e boas tradições, dos obséquios!
Um apelo, não aos aparelhos de antigamente, mas às pessoas de antigamente! Não é uma visão antiquada e submissa de mundo, mas antes as pessoas dedicavam mais tempo umas às outras. As músicas não eram banalizadas nem depreciativas. E isso aí é herança de que? Desses avanços desmedidos que colocam em crise os valores...

Ah, essa modernidade moderna!

Alana Oliveira.

A regreção da redassão, culpa da televisão?


Charge de Millôr Fernandes

De súbito, me deu uma vontade de postar antes de ir assistir ao filme que está passando no SBT e, por tratar-se de TV, escolhi postar o texto de José Paulo Paes, sobre a televisão e o Poeminha à glória televisiva de Millôr.

A TELEVISÃO

Seu boletim meteorológico
me diz aqui e agora
se chove ou se faz sol.
Para que ir lá fora?
A comida suculenta
que pões a minha frente
como-a toda com os olhos.
Aposentei os dentes.

Nos dramalhões que encenas
há tamanho poder
de vida que eu próprio
nem me canso em viver.
Guerra, sexo, esporte
E me dás tudo, tudo.
Vou pregar minha porta:
Já não preciso do mundo.
JOSÉ PAULO PAES - Prosas seguidas de odes mínimas.

POEMINHA À GLÓRIA TELEVISIVA


Não me contem!
Ele era tão famoso
Antes de ontem!
MILLÔR FERNANDES

É isso...
Alana Oliveira.

A Grande Família


AMIGOS QUE ME DÃO COLO, VODKA E DIAS INCRÍVEIS - Turma Técnico em Alimentos integrado ao Ensino Médio em Visconde do Rio Branco - 19/Out/09

Amigos.. o tempo está passando.
Que será de nós amanhã? Dos nossos sonhos, anseios, promessas...
Reencontraremo-nos todos velhinhos?
A incidência no tempo e no espaço me assusta.. Tenho medo de pensar a inexorabilidade do fortuito de cada um. Medo de pensar em destino.
De pensar que temos menos que a eternidade. A eternidade seria razoável.
O futuro, a cada instante se converte em passado. Existirá presente?
As nossas escolhas na vida são sentenças. Imaginem a gravidade disso!
Apenas quero que saibam: tenho orgulho por tê-los ao meu lado em todas as horas. Sinto que tempo com vocês não é tempo perdido.
Mesmo nas horas que puxamos angústia! E isso significa abordar um tema habitual como el sentimiento trágico de la vida, le recherche du temps perdu, to be or not to be.
Mesmo nas horas que reclamamos o efêmero da existência. Que dizemos que nada vale nada, tudo precário, equívoco, contraditório, inútil, e pedimos mais uma cerveja!
Mesmo nas horas que rimos dos nossos próprios defeitos, e de quem acha defeitos em nós.
Nas horas em que a lei de Murphy - desgraçado Murphy - parece ser a única coisa única e certa.
Nas horas em que ignoramos nossos inimigos, boçais, fanfarrões, meros mortais... pobrezinhos deles.
Nas horas em que deixamos a idiotice reinar e o sentimento de criança aflorar.
Nas horas que nós soltamos as feras depois de um singelo "forniquemos". As gandaias...
As horas de lamentações: - Por que eu não estudei mais para aquela prova de Geometria intuitiva??? E aí um ser iluminado tira-lhe o sentimento de culpa: - Ora, não analisa vai?!
Eu realmente tenho amigos que me dão colo, vodka e histórias pra contar!
Obrigada por serem quem não me mandam à forca porque eu ainda não sei o que mais eu quero para a vida, além de respirar poesia e beber arte!
O que eu sei da vida é que vocês tornam-na mais fácil, simples e divertida.
Aí eu penso que o verbo mais adequado não é viver a vida.
É brincar a vida.
Amo todos vocês!

Alana Oliveira.

A um poeta - Antero de Quental


Jardim Antero de Quental (local onde morreu), Ponta Delgada - Açores.

A um poeta

Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita a sombra dos altares,
Longe da luta e o fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

ANTERO DE QUENTAL.

Antero de Quental é figura importante da Literatura Realista de Portugal (junto, claro, à Eça de Queirós). Sua produção poética apresenta três momentos distintos, intimamente ligados à trajetória de sua vida: no primeiro momento (anterior à Questão Coimbrã) reflete ainda uma postura romântica; no segundo momento, com Odes Modernas, inaugura sua fase de poesia revolucionária (fase dos agitados dias de Coimbra); no terceiro momento, com Sonetos - sua obra mais completa - predomina a técnica perfeita e a lógica (motivo pelo qual foi contemplado com o epíteto de poeta-filósofo).

Em 1891, Quental, sofrendo de Doença Bipolar (uma psicose maníaco-depressiva), muda-se para sua nativa Ponta Delgado, nos Açores, onde acaba por se suicidar num banco de jardim da cidade.
Hoje o Jardim leva o nome do autor, e abriga um memorial em homenagem a um dos mais ilustres filhos da região.


Alana.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Perguntas de um trabalhador que lê - Bertold Brecht


Escultura de Brecht feita em bronze por Fritz Cremer. Praça Bertold Brecht, em Berlim.

Perguntas de um trabalhador que lê.

Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros constam nomes de reis.
Foram eles que arrastaram os blocos de pedra?
E a Babilônia tantas vezes destruida,
quem a reergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro moravam os seus construtores?
Na noite em que se terminou a Muralha da China,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos de triunfo.
Quem os construiu?
Sobre quem triunfaram os Césares?
A tão cantada Bizâncio só tinha palácios para os seus habitantes?
Até a legendária Atlântida, na noite em que o mar a engoliu,
viu afogados gritarem por seus escravos?
O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Conquistou sozinho?
César abateu os gauleses.
Não levou sequer um cozinheiro consigo?
Quando a sua armada afundou, Filipe da Espanha chorou.
Ninguém mais chorou com ele?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes?
A cada dez anos um grande homem.
Quem paga as despesas?

Tantas histórias.
Tantas perguntas.


BERTOLD BRECHT


Eugen Berthold Friedrich Brecht
foi um dos autores alemães mais importantes do século XX, especialmente nas suas facetas como dramaturgo e poeta.
De formação marxista, Brecht dava grande importância à dimensão pedagógica em suas obras de teatro: contrário à passividade do espectador, fez parte de sua intenção formar e estimular o pensamento crítico do público.
É no mínimo instigante a sua antologia poética. O poema - Perguntas de um trabalhador que lê - apareceu em Copenhague, quando o autor já se encontrava na Suécia.

Neste poema, o autor vem alertar como a história é contada no sentido de uma elevação exagerada da figura do herói, do esforço de torná-lo lendário, semideus.
Para tanto, por vezes apropriando-se da veracidade dos fatos, adequando-os à maneira que melhor convém, através de um acordo entre gigantes.

E Brecht vai além::

"Desconfiai do mais trivial, na aparência do singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."


Alana Oliveira.

Histórias de Quadros e Leitores. "Ut pictura poesis." (Na poesia, da mesma forma que na pintura)

Queridos,
Transcrevo abaixo alguns fragmentos interessantes de um dos livros que leio atualmente: Histórias de Quadros e Leitores, organizado por Marisa Lajolo; um prato cheio para quem, assim como eu, gosta da Arte em suas mais variadas formas de expressão.

"Pintura é poesia muda, e poesia é pintura que fala." - Marisa Lajolo


La donna che legge (A dama do livro) - Roberto Fontana

No dia 18 de abril de 1895, leitores de A Gazeta de Notícias, jornal carioca de grande prestígio, encontraram nas suas páginas um curioso poema de título meio enigmático: Soneto Circular. Assinava os versos um nome já bastante conhecido na época e hoje, tão famoso autor de Brás Cubas: Machado de Assis.
O soneto publicado em 18 de abril era assim:

Soneto Circular

A bela dama ruiva e descansada,
De olhos longos, macios e perdidos,
C'um dos dedos calçados e compridos
Marca a recente página fechada.

Cuidei que, assim pensando, assim colada
Da fina tela aos flóridos tecidos,
Totalmente calados os sentidos,
Nada diria, totalmente nada.

Mas, eis da tela se despega e anda,
E diz-me: - "Horácio, Heitor, Cibrão, Miranda,
C. Pinto, X. Silveira, F. Araújo,

Mandam-me aqui para viver contigo."
Ó bela dama, a ordens tais não fujo.
Que bons amigos são! Fica comigo.
MACHADO DE ASSIS

Aprofundando o poema:
Tudo parece ter começado com um quadro que Machado teria ganho de presente de amigos (que pode ser visto por quem visita hoje o acervo machadiano da Academia Brasileira de Letras, no Rio). Era La donna che legge, pintado em 1882 por Roberto Fontana.
Andando pelas ruas do Rio de Janeiro, Machado teria se encantado com o quadro exposto na vitrina de uma loja da rua do Ouvidor. Talvez naquele dia ele estivesse acompanhado por um amigo, que testemunhou seu encanto pela pintura; talvez tivesse comentado com outro seu fascínio pela tela. O caso é que correu de boca em boca que ele gostaria de possuir o quadro, mas talvez não pudesse arcar com a compra dele. Resolveram, pois, vários amigos, cotizar-se e presenteá-lo com a tela.
O quadro foi parar na residência Assis, no Chalé da rua Cosme Velho, em Laranjeiras, ao lado de móveis e objetos. A tela testemunhava a vida doméstica do escritor - que tão bem esmiuçou a vida doméstica brasileira, devassando-lhe amores e ciúmes, casamentos arrajados, pobrezas decorosas e heranças espúrias - com sua bem-amada Carolina.
Seguiu à oferta do presente a composição de Soneto Circular, enviado a cada um dos amigos mencionados nos versos 10 e 11 (Horácio Guimarães, Heitor de Basto Cordeiro, Ernesto Cybrião, Antônio da Rocha Miranda, Caetano Pinto, Joaquim Xavier da Silveira e Ferreira de Araújo) e que um deles - Ferreira de Araújo - encarregou-se de publicar no Jornal, tornando público o agradecimento do escritor.


Aprofundando a tela:

Machado deve ter se perdido em conjecturas: porque a leitora teria nas mãos um livro fechado? Para melhor meditar no que lá estava escrito ou porque a leitura a entendiava? O dedo entre as páginas do livro marca onde a leitura parou ou é apenas um modo casual de segurá-lo? E a tesoura que mal se vê na outra mão? A leitora se preparava para cortar um trecho que particularmente a agradou ou ia picotar uma passagem que a desagradou? Ou, será ainda a tesoura apenas um enfeite no cenário?
Perguntas sem respostas, ou melhor, com uma pluralidade de respostas. Fica estendido o convite à desentranhá-las.
Acho fascinante a intertextualidade entre obras! Com essa, entre Fontana e Assis não é diferente...

Porque o que me dá prazer nas leituras não é a beleza das frases, mas a doença delas!

Alana Oliveira.

sábado, 17 de outubro de 2009

Primeira vez!

Comecei com essa idéia de blog, não sei exatamente quando, mas estava quase virando "projeto de vida".
Projeto desses que a gente adia pra segunda-feira, depois pro início do mês que vem, e quando nos damos conta que o mês que vem chegou (mais rápido do que pensávamos), lamentamos nossa falta de tempo para tentar nos justificar com a consciência.
Pois bem, este aqui passou perto de entrar pro rol de coisas a fazer antes dos trinta (que certamente chegam mais rápido do que pensamos)!
A culpa de todo este entusiasmo desentusiasmado despejo na conta da minha experiência com blogs e flogs anteriores. No início postava diariamente, mas com o tempo a frequência ia sendo reduzida, até caírem no esquecimento.
Além disso, me deparei com a questão de por que criar um blog na confusão do mundo de hoje? Criar um blog para quem ler?
Para estar aqui escrevendo isso, hoje, tive que superar essas incredulidades que fortaleciam a minha falta de motivação.
Tive de adquirir uma filosofia nova: este aqui não deixarei que seja tempo perdido. Este aqui não (repito para dar mais efetividade e ênfase)!
Resolvi que dedicar um tempo ao blog significará também dedicar um tempo a mim mesma, como se fosse uma terapia! Afinal, escrever é mesmo uma terapia.
Pelo que me conheço, é pedir demais que eu trace os rumos que o blog tomará. Confesso que mal sei o que pretendo!
Sei apenas que para este post já basta!
Para finalizar, contemplo-os, queridos, com dose de Fernando Pessoa - poeta e escritor português, rapaz tímido e cheio de imaginação e estudante brilhante:

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."

Um beijo,
Alana Oliveira.