"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o."
Ricardo Reis, heterônimo de sopro clássico de Fernando Pessoa.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

RIMBAUD - THE ENFANT TERRIBLE!


Túmulo de Jean-Nicolas Arthur Rimbaud - Cemitério Charleville - França.
PRIEZ POUR LUI - Ore por ele.


The enfant terrible
se relaciona à pessoa de Arthur Rimbaud devido à sua precocidade em tudo, inclusive em poesia.
Aos 17 anos "o poetinha" já estava compondo o que são, hoje, suas obras-primas.
Influenciado por Victor Hugo, Charles Baudelaire, Paul Verlaine, entre outros, o Rimbaud que traficou armas no norte da África, foi o mesmo Rimbaud que se tornou referência poética-simbolista!
O mesmo que influenciou gerações - mestre e profeta de uma juventude febril, entusiasta e rebelde; o mesmo que deu cores às vogais.
O mesmo que fundou a tese de impossibilidade de dissociação do poeta de sua poesia.
Em Rimbaud tudo pulsa, tudo é fervor!
Paulo Leminski, em um de seus anseios críticos, escreveu sobre "o poetinha". Segue abaixo trechos do ensaio Poeta Roqueiro:

Aí vem o primeiro marginal. Vivesse hoje, Rimbaud seria músico de rock. Drogado como o guitarrista Jimi Hendrix, bissexual como Mike Jagger, dos Rolling Stones. "Na estrada", como toda uma geração de roqueiros. Nenhum poeta francês do século passado teve vida tão "contemporânea" quanto o gatão e "vidente" Arthur Rimbaud. Pasmou os contemporâneos com uma precocidade poética extraordinária. De repente, largou tudo, Europa, civilização ocidental-cristã, literatura e, cometa, se mandou para a Abissínia, na África. Lá, longe da Europa branca e burguesa que odiava, levou a vida de mercador árabe, traficando armas, varando desertos nunca antes pisados, vivendo a grande aventura infantil, pré-figurada em seu nome de rei lendário. Breve durou esse Camelot. Da África, o rei Arthur voltaria à França para amputar uma perna e morrer, de câncer, num hospital de Marselha, delirando poesia, cercado por padres e sua irmã, ávidos pela confissão desse blasfemo.
Claro que uma vida assim não caberia em versinhos. E uma ampla prosa, de sopro largo e rebelde a todas as medidas, que Rimbaud escreveu Uma Temporada no Inferno e Iluminações.
Enfim, como diz o próprio poeta: "Eu é um outro".
A melhor poesia de Rimbaud esteve, porém, em seu gesto final: a recusa do "sucesso", a escolha do "fracasso", a derrota da literatura, inimiga da poesia, para que esta triunfasse.

On n'est pas serieux on a dix-sept ans.


Alana Oliveira.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse aí é a sua cara Alana!!!!!
kkkkkkkk
Beijo. Iara.