"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o."
Ricardo Reis, heterônimo de sopro clássico de Fernando Pessoa.


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Olimpíadas 2016 ou Olim-Piadas 2016???


"Este país não é meu, nem vosso ainda poetas. Mas ele será um dia o país de todo o homem."
Carlos Drummond de Andrade


Todo mundo feliz porque o Rio vai sediar as Olimpíadas de 2016.
E os governantes do Rio mais ainda. São eles que vão superfaturar as obras olímpicas. E o povo comemora!
Nos Jogos Pan-Americanos 2007 o Rio não cumpriu quase nenhuma das promessas/exigências. Mas vamos nos alegrar! É dada uma nova oportunidade para não cumpri-las de novo!
Eu já posso até dar meus palpites de quem leva o maior número de ouro pra casa: os trombadinhas. Além do governo e as empreeiteiras de seus compadres, claro.
Quando o presidente disse: "não é porque o Brasil tem problemas que não pode sediar uma Olimpiada" ele aumentou ainda mais o déficit.
O Brasil devia comer mais arroz e feijão antes de provar a sobremesa.
Não estou falando do Rio Zona Sul, cartão postal, lindo, onde todos vivem felizes e confortáveis. Eu falo dos outros 70% do Rio, esquecidos, só porque não são interessantes pra ser cenário de novela.
Olimpíadas no Brasil. Admito, é uma grande conquista.
Mas conquista precoce que põe de lado as verdadeiras prioridades do país no momento.


DESENREDO, de Adélia Prado:

(...)Saberemos viver uma vida melhor que esta,
quando mesmo chorando é tão bom estarmos juntos?
Sofrer não é em língua nenhuma.
Sofri e sofro em Minas Gerais e na beira do oceano.
Estarreço de estar viva. Ó luar do sertão,
ó matas que não preciso ver pra me perder,
ó cidades grandes, estados do Brasil que amo como se os tivesse inventado.
Ser brasileira me determina de modo emocionante
e isto, que posso chamar de destino, sem pecar,
descansa meu bem-querer.
Tudo junto é inteligível demais e eu não suporto.
Valha-me noite que me cobre de sono.
O pensamento da morte não se acostuma comigo.
Estremecerei de susto até dormir.
E no entanto é tudo tão pequeno.
Para o desejo do meu coração
o mar é uma gota.

Beijocas!
Alana Oliveira.

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