Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso". Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande (...) Só quero torná-la de toda a humanidade (...) Cada vez mais assim penso (...) É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça. Fernando Pessoa
"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o."
Ricardo Reis, heterônimo de sopro clássico de Fernando Pessoa.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Mundo moderno
"O progresso era maravilhoso antes de progredir tanto."
Millôr Fernandes
O LUGAR DA TRANSGRESSÃO
Encontrei um sapo cochilando dentro de
Minha botina. Nunca me meti em botina
De sapo. Que liberdades são essas?
Cacaso - filósofo, poeta e letrista da MPB mineira.
NADA SERÁ COMO ANTES
Nosso amor puro
pulou o muro
caiu na vida.
Jamais seremos o par
romântico
que outrora fomos.
Chacal - poeta, contista, ensaísta e letrista da MPB carioca.
PRONTO PRA OUTRA
Gravei seu olhar seu andar
sua voz seu sorriso.
você foi embora
e eu vou na papelaria
comprar uma borracha.
Chacal.
Os muitos caminhos da poesia brasileira, rio profundo e caudaloso, deságuam nos versos de Cacaso e Chacal.
Seus apelidos curiosos, acabam por refletir também sua maneira de fazer poesia. São irreverentes, líricos, irônicos e engraçados, contam histórias do cotidiano urbano, com versos livres e expressões coloquiais, muitas vezes sem eco na poesia.
Viveram os momentos poéticos de opressão política. Sobreviveram. Pertencem à mesma geração, lutaram pelos mesmos ideais e mostram a cara mais recente da poesia no Brasil!
Esses poemas acima, que considero pequenas grandes denúncias contra elementos advindos com o modernismo, não são pregões à favor do atraso e do obsoleto, apenas das velhas e boas tradições, dos obséquios!
Um apelo, não aos aparelhos de antigamente, mas às pessoas de antigamente! Não é uma visão antiquada e submissa de mundo, mas antes as pessoas dedicavam mais tempo umas às outras. As músicas não eram banalizadas nem depreciativas. E isso aí é herança de que? Desses avanços desmedidos que colocam em crise os valores...
Ah, essa modernidade moderna!
Alana Oliveira.
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