"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o."
Ricardo Reis, heterônimo de sopro clássico de Fernando Pessoa.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Velório

ah! Quão injusto não sabermos qual o último dia em vida!
... e que sorte daqueles nascidos enfermos que o sabem!
Acordaria cedo, saudando o sol,
ofereceria, sem afã, meu último sorriso sincero aos estimados,
e desfrutaria do inverso.
Neste dia não perderia tempo com as bobagens: discussões, ...
Despedir-me-ia com sentimento de missão cumprida!
Sem choros, pois que derradeira separação já havia de ser esperada.
Contemplaria a lua, calma, serena
e dormiria eternamente.

Mas, pasme!, morre-se sem saber:
um acidente ou outra coisa qualquer.
Leva-se amargura, vontade, inconclusão
deixa-se vazio, tristeza, inconformismo.

É pra compensar essa injustiça que no meu velório
quero cerveja, música alta, a entrada franca.
Não mereço que chorem na última festa que eu vou dar na Terra.

Alana Oliveira.

Um comentário:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkk
FINAL SURPREENDENTE! uahauhauhauah