"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o."
Ricardo Reis, heterônimo de sopro clássico de Fernando Pessoa.


sábado, 8 de maio de 2010

Genética e Preconceito.


Amados,

Hoje sabemos que o fenótipo, isto é, toda característica visível ou verificável, é o resultado da interação entre genótipo e o meio, embora não seja possível afirmar, com plena certeza, a proporção - apenas que ela seja surpreendentemente variável. No entanto, a história da genética está repleta de casos em que a influência do meio foi subestimada, valorizando-se excessivamente o papel fundamental dos genes.
Para entendermos a dificuldade associada ao estabelecimento da proporção da influência do genótipo ou do ambiente, basta que pensemos até que ponto a inteligência, a obesidade ou o talento para a música são componentes hereditários e até que ponto o ambiente adequado favoreça o desenvolvimento dessas potencialidades.

A exemplo de marginalização do papel de influência do ambiente estão os trabalhos do cientista Francis Galton, primo de Charles Darwin.
Galton fundou a eugenia - estudo dos métodos para "melhorar" o conjunto de genes da espécie humana... em nome da eugenia, muitos equívocos foram cometidos.
Os primeiros trabalhos sobre o assunto defendiam a tese de que a prostituição, a criminalidade e o alcoolismo eram características exclusivamente genéticas, que nada tinham a ver com os fatores sociais; defendeu-se a noção de que era necessário restringir a reprodução de pessoas geneticamente "imperfeitas"; o cruzamento entre raças diferentes foi abominado devido ao prejuízo que traria à pureza genética do grupo superior; e, sim, muitos estudiosos chegaram a considerar certas raças como superiores (por coincidência ou não a raça é sempre a de quem utiliza o argumento).
Idéias desse tipo foram bastante difundidas nos EUA dos anos de 1880 -1930, quando promulgaram-se leis à favor da esterilização de criminosos e doentes mentais, da imigração restrita (exceto os provenientes da Europa Ocidental) e dos casamentos inter-raciais proibidos.
O clímax, porém, aconteceu na Europa nazista que proclamou a superioridade dos arianos, exterminando milhões de pessoas que não agradavam genética ou políticamente ao regime autoritário de Adolf Hitler.


Alana Oliveira.

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