
Lembra em 2007, quando da visita do presidente estadunidense George W. Bush ao Brasil, havia uma euforia do nosso governo em torno da possibilidade de tornar o país a ponta de lança no processo de substituição da matriz energética, sendo o maior produtor de agrocombustíveis menos poluentes e com fontes renováveis?
Pois é, esclarecendo, estes tais agrocombustíveis são, simplesmente, combustíveis inflamáveis produzidos através do processamento de materiais orgânicos—vegetais ou derivados de produtos animais. Os mais comuns são os alcoóis, produzidos por um processo semelhante ao da destilação caseira, mas em grande escala. O etanol de cana-de-açúcar e o de milho são os que predominam.
Estes combustíveis são considerados renováveis, a partir do princípio que permitem a produção de safras ano após ano. Mas, em muitos casos, os recursos incluindo água não-poluída, solo fértil e fertilizantes, de acordo com a região podem ser finitos.
Nesse caso, seria mesmo a melhor saída a transformação do Brasil num "imenso canavial", levando em consideração que isso poderia piorar as condições de trabalho no campo e ainda acompanhar a elevação nos preços dos alimentos, já que a plantação de cana-de-açúcar teria prioridade em relação a plantação de feijão e arroz? (são ossos do ofício olhar o lado dos alimentos! rs)
Agora, com as recentes descobertas de imensos campos de pré-sal, a euforia tem outro foco: a possibilidade de o Brasil tornar-se um dos maiores produtores de petróleo, combustível poluente e não-renovável.
Conclusão - De uma forma ou outra nós ficamos na sinuca de bico: a expansão de agrocombustíveis poderá causar problemas sociais no campo, enquanto a queima do petróleo do pré-sal poderá agravar o efeito estufa.
Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
Antes de finalizar, saliento ainda que considero a atitude da indústria automobilística "que o amanhã nunca virá", desde o século XIX - quando os carros foram primeiramente inventados e o baixo custo dos produtos derivados do petróleo relegou o etanol à escanteio - a maior responsável pelas mudanças climáticas que a cada dia nos atinge com mais veemência.
São nessas horas, e apenas nessas horas, que com tristeza entrego-me ao que disse Shakespeare:
"Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes."
Um beijo...
E, novamente, desejo à todos neste novo ano que chega, 365 dias de FELICIDADE!